21 abril 2006

Finalmente férias! Lá vou eu...

Irlanda (em irlandês Éire e em inglês Ireland) é a terceira maior ilha da Europa. Situa-se no Oceano Atlântico e está politicamente dividida entre a República da Irlanda (oficialmente denominada Irlanda), um Estado que cobre cinco sextos (cerca de 85%) da ilha e a Irlanda do Norte ; parte do Reino Unido, que configura a sexta parte mais a nordeste da ilha.
A população da ilha é de aproximadamente 5,8 milhões de habitantes; 4,1 milhões na República da Irlanda e 1,7 milhão na Irlanda do Norte.

19 abril 2006

1506-2006: O massacre de Lisboa


“Von dem Christeliche / Streyt, kürtzlich geschehe / jm. M.CCCCC.vj Jar zu Lissbona / ein haubt stat in Portigal zwischen en christen und newen chri / sten oder juden , von wegen des gecreutzigisten [sic] got.” (“Da Contenda Cristã, que Recentemente Teve Lugar em Lisboa, Capital de Portugal, Entre Cristãos e Cristãos-Novos ou Judeus, Por Causa do Deus Crucificado”)

Panfleto anónimo, com apenas seis folhas, impresso na Alemanha (presumivelmente poucos meses depois do massacre de Lisboa). O “progrom” de 1506 contra os judeus de Lisboa é descrito em detalhe e as matanças contadas ao pormenor por uma testemunha ocular. A gravura do frontispício mostra os corpos mutilados e envoltos em chamas de dois judeus portugueses, dois irmãos, os primeiros a morrer num massacre que vitimou mais de 4 mil pessoas.

(Gravura reproduzida aqui a partir de uma cópia gentilmente cedida pelo Hebrew Union College. O original, encontra-se na Houghton Library, na Universidade de Harvard)


Vai fazer exactamente 500 anos, nos dias 19, 20 e 21 de Abril, que um cataclismo se abateu sobre Lisboa. A alma da Capital do Império sofreu um abalo tão grande – senão mesmo maior – quanto aquele que a haveria de destruir em 1755. Durante três dias, em nome de um fanatismo sanguinário, mais de 4 mil pessoas perderam a vida numa matança sem precedentes em Portugal.Como vozes que teimam em emergir de entre as poeiras da História, cronistas como Damião de Góis e Samuel Usque deixaram relatos detalhados dos motins sangrentos. Contam os testemunhos que tudo terá começado na Baixa, no dia 19 de Abril de 1506, um domingo, na Igreja de São Domingos, quando alguém gritou ter visto o rosto do Cristo crucificado iluminar-se inexplicavelmente no altar. Em redor, gente que rezava pelo fim da seca prolongada que grassava pelo país clamou que era milagre. Entre eles, um judeu convertido à força terá tentado explicar que a luz que emanava do crucifixo era apenas um reflexo de um raio de sol que entrava por uma fresta. Terão sido as suas últimas palavras. Arrastado para a rua, o marrano e um irmão seu foram espancados até à morte. Os seus corpos mutilados foram arrastados para o Rossio e queimados em frente dos Estaus – onde décadas depois foi instalada a Inquisição. Eles eram apenas os primeiros de entre mais de 4 mil mortos – anussim, judeus portugueses, homens, mulheres e crianças, assassinados em três dias sangrentos.Incitada por frades dominicanos, a multidão que entretanto se aglomerara decide partir em direcção da Judiaria, gritando “morte aos judeus” e “morram os hereges”. As incompreensíveis cenas de violência que se deram a seguir fazem parte de um pedaço da história de Portugal que a História resolveu esquecer. Conto voltar ao tema e às descrições desta tragédia de há 500 anos. Por agora, queria apenas deixar um apelo. Em Portugal comemoram-se há muito os grandes feitos da História, testemunhos quase sebastianistas de uma grandeza perdida. Que não se esqueça também a desgraça que prova ser mito a velha máxima do tal “povo de brandos costumes”.

"Se existe um único tema que domina todos os meus escritos, todas as minhas obsessões, é a memória – porque tenho tanto medo do esquecimento quando do ódio ou da morte. Esquecer, para um judeu, é negar o seu povo – e tudo o que ele simboliza – e também negar-se a si próprio. Daí o meu desejo de não esquecer nem de onde venho nem o que influenciou as minhas opções: as paisagens assombradas da minha infância; a terra de maldição onde num instante as crianças se transformavam em velhos; as pessoas que conheci ao longo desse caminho.Lembrar… lembra-te que foste escravo no Egipto. Lembra-te de santificar o Shabbat… Lembra-te de Amalek, que quis aniquilar-te… nenhum outro mandamento bíblico é mais persistente. O judeus vivem e crescem sob o signo da memória. (…) Ser judeu é lembrar – reclamar o nosso direito à memória bem como o dever de a manter viva.Através do passado recente encontro-me com as minhas origens distantes, retornando a Moisés e Abraão. É também em seu nome que eu comunico a minha busca. Quando um judeu reza, as suas orações enlaçam-se às de David e do Besht. Quando um judeu desespera, é a tristeza de Jeremias que o faz chorar. A memória dos judeus ganha força na memória do seu povo e, para além dela, da humanidade.Porque a memória é um bem: cria laços em vez de os destruir. Laços entre o presente e o passado, entre indivíduos e grupos. É por me lembrar do nosso princípio comum que me aproximo dos meus semelhantes, de todos os seres humanos. É por me recusar esquecer que o seu futuro é tão importante quanto o meu. Que seria o futuro da humanidade se fosse desprovido de memória?”
Elie Wiesel, prémio Nobel da Paz, retirado do prefácio do livro “From the Kingdom of Memory”, Summit Books, New York, 1990.

Aqui fica o desafio: que no dia 19 de Abril vão à Baixa de Lisboa e no Rossio acendam uma vela simbólica por cada uma das vítimas. Quatro mil velas que iluminem a memória.

18 abril 2006

Relações de amizade



A Videira do Desejo
de
Chitra Banerjee Divakaruni

Prazer e criatividade através de um excelente romance. Um romance que reúne as personagens de "Irmã da Minha Alma". Explora os laços emocionais entre as duas amigas de infância, Anju e Shuda.
Como em obras anteriores Chitra Banerjee Divakaruni explora a psicologia feminina, a procura de uma identidade própria e livre de preconceitos e falsas obrigações, ao mesmo tempo que observa o choque cultural que experimentam as suas personagens num país estranho e transporta para o Ocidente figuras e lendas do Oriente.

in www.fnac.pt

Depois de ler "Irmã da Minha Alma" e considerá-lo um dos melhores romances que li até agora, são grandes as expectativas em relação a esta nova obra "A Videira do Desejo"!

17 abril 2006

"Dou-vos a minha Paz..."


A paz sem vencedor e sem vencidos

Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos
A paz sem vencedor e sem vencidos
Que o tempo que nos deste seja um novo
Recomeço de esperança e de justiça.
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos

Erguei o nosso ser à transparência
Para podermos ler melhor a vida
Para entendermos vosso mandamento
Para que venha a nós o vosso reino
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos

Fazei Senhor que a paz seja de todos
Dai-nos a paz que nasce da verdade
Dai-nos a paz que nasce da justiça
Dai-nos a paz chamada liberdade
Dai-nos Senhor paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos

Sophia de Mello Breyner Andresen

13 abril 2006

Boa Páscoa!


"Quando a palavra de Deus se faz «o murmúrio de uma brisa suave», ela é mais eficaz do que nunca para transformar os nossos corações."

in www.taize.fr

Uma vida e outra vida



Tenho tanto sentimento...

Tenho tanto sentimento
Que é frequente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheco, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.

Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.

Qual porém é a verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar.

Fernando Pessoa

11 abril 2006

Crescer ou Decrescer?


Tudo o que não cresce, decresce e arrisca-se a desaparecer. Este parece ser um princípio básico da vida. Não há meio termo, ninguém fica de fora desta realidade. Se deixo de investir numa relação, ela não se aguenta; se não dou continuidade à minha formação, deformo-me inevitavelmente, e por aí fora... E quem não continua a investir na fé e no amor, corre o risco de perder ambas as coisas.

Pe Vasco Pinto de Magalhães, in 'Não Há Soluções, Há Caminhos'

10 abril 2006

Um livro excepcional!


A Sombra do Vento
de Carlos Ruiz Zafón

A Sombra do Vento" é um mistério literário passado na Barcelona da primeira metade do século XX, desde os últimos esplendores do Modernismo até às trevas do pós-guerra. Um inesquecível relato sobre os segredos do coração e o feitiço dos livros, num crescendo de suspense que se mantém até à última página.
Numa manhã de 1945, um rapaz é conduzido pelo pai a um lugar misterioso, oculto no coração da cidade velha: O Cemitério dos Livros Esquecidos. Aí, Daniel Sempere encontra um livro maldito que muda o rumo da sua vida e o arrasta para um labirinto de intrigas e segredos enterrados na alma obscura de Barcelona. Juntando as técnicas do relato de intriga e suspense, o romance histórico e a comédia de costumes, "A Sombra do Vento" é sobretudo uma trágica história de amor cujo eco se projecta através do tempo.

Um livro verdadeiramente excepcional! Há muito tempo que não lia um assim! Obrigada Miguel :)

Como diria o meu amigo Donatello... "é daqueles livros que se lê de uma vez só ou então só uma página cada dia para durar, durar..." ;)

09 abril 2006

Melhor filme



Colisão
Título original: Crash
De: Paula Haggis
Com: Jennifer Esposito, Matt Dillon e Sandra Bullock

Uma dona de casa e o marido advogado. Um persa que é dono de uma loja. Dois polícias que são também amantes. Um director de televisão afro-americano e a sua mulher. Um mexicano serralheiro. Dois ladrões de automóveis. Um polícia recruta. Um casal coreano de meia-idade... Todos vivem em Los Angeles e, durante 36 horas, vão entrar em colisão. Depois do 11 de Setembro, "Colisão" olha de forma provocadora para as complexidades da tolerância racial na América contemporânea.

Para mim, mereceu bem o Óscar de melhor filme! Já saiu em DVD mas no cinema é outra coisa! Tensões raciais, tolerância... como percebo tão bem! Especialmente depois da minha experiência em Atlanta depois do 11 de Setembro! 5 estrelas!

08 abril 2006

Contra indiferença!


SOLO LE PIDO A DIOS
Letra e Música: León Gieco

Solo le pido a Dios
que el dolor no me sea indiferente,
que la reseca muerte no me encuentre
vacío y solo sin haber hecho lo suficiente.

Solo le pido a Dios
que lo injusto no me sea indiferente,
que no me abofeteen la otra mejilla
después que una garra me arañó esta suerte.

Solo le pido a Dios
que la guerra no me sea indiferente,
es un monstruo grande y pisa fuerte
toda la pobre inocencia de la gente.

Solo le pido a Dios
que el engaño no me sea indiferente,
si un traidor puede mas que unos cuantos,
que esos cuantos no lo olviden fácilmente.

Solo le pido a Dios que el futuro no me sea indiferente,
desahuciado está el que tiene que marchar
a vivir una cultura diferente.

Solo le pido a Diosque la guerra no me sea indiferente,
es un monstruo grande y pisa fuerte
toda la pobre inocencia de la gente.


A versão cantada por Mercedes Sosa é imperdível! Vale a pena ouvir...

07 abril 2006

Be happy :)


"Most folks are about as happy as they make up their minds to be".

Abraham Lincoln
16th president of US (1809 - 1865)

06 abril 2006

Orgia de Pasolini


Hoje na Culturgest! :) Parece-me bom... Logo vos direi!

Orgia de Pier Paolo Pasolini.
Um espectáculo A&M.

Orgia é a crónica das pobres emoções sado-masoquistas de dois cônjuges pequeno-burgueses no calor de uma desoladora Páscoa, da fuga-suicídio de uma esposa-amante-escrava, da devastação do esposo ao encontrar-se com uma pequena prostitutazinha de passagem, do seu extremo delírio fetichista e transsexual até ao seu suicídio por enforcamento.


Mais do que uma peça de teatro, Orgia pode ser definido como um poema a várias vozes, ou um oratório laico que exprime, entre lirismo e declaração, os temas preferidos de Pier Paolo Pasolini. A crise da sociedade é representada através de uma obsessão individual, em que o mistério da geração de filhos e o problema da identidade pessoal encontram a obsessão do sexo, objecto de culpa e meio de conhecimento: eis então o delírio, contado, saboreado e seccionado, de um casal sado-masoquista, uma orgia sangrenta de palavras que encontra a sua própria essência no reconhecimento da diversidade.


Franco Quadri

"Aconselha-se calorosamente a uma senhora que frequente os teatros da cidade que não assista às representações do novo teatro. Ou, caso se apresente com o seu simbólico, patético, casaco de vison encontrará na entrada um cartaz a explicar que as senhoras com casacos de vison deverão pagar um preço trinta vezes mais alto que o preço normal. Nesse mesmo cartaz, pelo contrário, estará escrito que os jovens fascistas de vinte e cinco anos poderão entrar de graça. Além disso, pediremos também que não aplaudam. Vaias e outras formas de desaprovação serão admitidas.


(...) O novo teatro quer definir-se como Teatro da Palavra. Incompatibiliza-se tanto com o teatro tradicional como com todo o tipo de contestação ao teatro tradicional. Remete explicitamente para o teatro da democracia ateniense, saltando completamente toda a tradição do teatro burguês, e porque não dizer a inteira tradição moderna do teatro renascentista e de Shakespeare. Espera-se que o espectador oiça mais do que veja. As personagens são ideias a serem ouvidas".


Pier Paolo Pasolini“Manifesto por um novo teatro” (1968)

05 abril 2006

Chove...

E se chove? Water kisses! ** :)

KISS THE RAIN

Kiss the rain
Whenever you need me
Kiss the rain
Whenever I'm gone, too long.
If your lips
Feel lonely and thirsty
Kiss the rain
And wait for the dawn.
Keep in mind
We're under the same skies
And the nights
As empty for me,
as for you
If ya feel
You can't wait till mornin'
Kiss the rain
Kiss the rain
Kiss the rain

Billie Myers

O Holocausto visto por um adolescente


É este o livro que estou a ler neste momento...

Sinopse: Considerado pelo El País "um dos melhores romances jamais escritos sobre o holocausto e uma das melhores obras europeias da segunda metade do século XX", Sem Destino é o primeiro volume de uma trilogia. Romancista, ensaísta e tradutor Imre Kertész dá a conhecer, através da criação do protagonista Köves György, a barbárie imposta nos campos de extermínio. Com apenas quinze anos, Köves György é separado da família e levado para os campos de concentração em Auschwitz, Buchenwald e Zeitz, onde assiste a actos impiedosos, de puro horror e crueldade, comandados pelo sistema nazi. Sem dramatizar, o vencedor do Prémio Nobel da Literatura opta por explorar a condição humana sem recorrer a um tom moralizante. Para Kertész esta é apenas uma experiência como qualquer outra na nossa existência. E, apesar de ter tido uma vivência muito semelhante à da personagem, Kertész não considera esta obra autobiográfica, ainda que reconheça ter seleccionado algumas recordações da sua passagem por Auschwitz e Buchenwald. Uma grandiosa e incontornável obra do vencedor do Nobel de Literatura 2002 agora disponível ao público português.

03 abril 2006

Como se aproximam as férias...



Viajar é nascer e morrer a todo o instante.
Victor Hugo
(1802-1885)

Quero nascer e morrer vezes sem conta! :)

02 abril 2006

Benigni em tempos de guerra

de Roberto Benigni

O amor é o mais revolucionário dos sentimentos.2003. A guerra no Iraque torna-se cada vez mais ameaçadora. Em Roma, Attilio (Roberto Benigni) poeta, está apaixonado por Vittoria (Nicoletta Braschi) e todas as noites sonha com o casamento de ambos.Mas Vittoria não mostra interesse por ele e perde a paciência perante os esforços de sedução deste poeta teimoso e irracionalmente apaixonado.Um dia Attilio recebe uma chamada de um grande poeta iraquiano (Jean Reno) cuja biografia Vittoria está a escrever em Bagdad: Vittoria foi vítima de um dos primeiros bombardeamentos anglo-americanos na cidade e está moribunda no hospital. Animado pelo seu amor louco e a fim de salvar a sua amada Attilio parte para o Iraque…

in Lusomundo

Já estreou! Estou ansiosa... tenho imensa curiosidade em ir ver... :)


01 abril 2006

Caladinha...


GOSTO DE TI CALADA

Gosto de ti calada porque estás como ausente,
e me ouves de longe, e a minha voz não te toca.
É como se os teus olhos tivessem de ti voado
e parece que um beijo fechou a tua boca.

Como todas as coisas estão cheias da minha alma
tu emerges das coisas, cheia da alma minha.
Borboleta de sonho, pareces-te com a minha alma,
e pareces-te com a palavra melancolia.

Gosto de ti calada e estás como distante.
E estás como que queixando-te, borboleta em arrulho.
E ouves-me de longe, e a minha voz não te alcança:
Deixa-me que me cale com o silêncio teu.

Deixa-me que te fale também com o teu silêncio
claro como uma lâmpada, simples como um anel.
Tu és igual à noite, calada e constelada.
O teu silêncio é de estrela, tão longínquo e singelo.

Gosto de ti calada porque estás como ausente.
Distante e dolorosa como se tivesses morrido.
Uma palavra então, um sorriso bastam.
E eu estou alegre, alegre de que não seja verdade.

Pablo Neruda