29 março 2007

Te encontro...


Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto, tão perto, tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco

Mário Cesariny (1923 - 2006)

Foi ontem no Frágil - Poesia
Rogério Samora, Gabriel Gomes & Rodrigo Leão, a Naifa, JP Diniz

2 comentários:

Unknown disse...

O teu blog está simplesmente lindo!!Fabulástico!!

Anónimo disse...

PALAVRAS

(...)
Ao longo da muralha que habitamos
há palavras de vida há palavras de morte
há palavras imensas, que esperam por nós
e outras, frágeis, que deixaram de esperar
há palavras acesas como barcos
e há palavras homens, palavras que guardam
o seu segredo e a sua posição
(...)


(M. Cesariny, de "You are welcome to Elsinore")

Grazie...
s.